Diabetes Mellitus
Diabetes Mellitus (DM) é uma desordem metabólica crônico-degenerativa de etiologia múltipla que está associada à falta e/ou à deficiente ação do hormônio insulina produzido pelo pâncreas. Caracteriza-se por elevada e mantida hiperglicemia. Na DM ocorrem alterações no funcionamento endócrino que atingem principalmente o metabolismo dos carboidratos. A insulina interfere na manutenção do controle glicêmico, atuando na redução e manutenção a níveis considerados normais, mas também age no metabolismo das proteínas e lipídios, devido à que, além da ação hipoglicemiante, a insulina participa da lipogênese e proteogênese, sendo o principal hormônio anabólico. Assim, no diabético vários processos metabólicos são perturbados. Associadas as estas alterações, temos outras macro e microangiopáticas e neuropáticas periféricas e autonômicas - e a falta de adequado tratamento pode levar a inúmeras e severas complicações (SPD, 1999; SBD, 2002; DAVIDSON, 2001)
Tratamento e Educação
As pedras angulares do tratamento estão relacionadas a mudanças no estilo de vida - dieta e exercícios (DAVIDSON, 2001; BEANER et al, 1995), sendo que um estudo divulgado na revista The New England Journal of Medicine, indicou que a combinação de regime alimentar e exercícios físicos é mais eficaz que os medicamentos no tratamento da forma mais comum desta patologia. Segundo as modernas tendências, o tratamento se fundamenta em cinco aspectos essenciais que devem ser especificamente individualizados (DULLIUS, 2003):
alimentação saudável e equilibrada com baixo consumo de carboidratos de alto índice glicêmico;
atividade física e terapêutica orientada e prescrita a partir de avaliação física para detectar as necessidades, capacidades e interesses desse diabético;
autocuidados, incluindo especialmente automonitorização glicêmica, a fim de acompanhar possíveis alterações nas condições de saúde;
medicação quando necessária; e
educação em saúde do diabético, para que seja possível administrar o tratamento com conhecimento e adequação, desenvolvendo-se a capacidade de observação e automanejo.
Atividades Físicas para Diabéticos
- conscientizar-se da importância de praticar exercícios e manter uma vida ativa para promover a saúde;
- reconhecer e saber avaliar os efeitos das diferentes formas de atividades físicas sobre a glicemia sangüínea de acordo com variáveis como horário, tipo de exercício, volume, intensidade;
- saber realizar os ajustes alimentares e/ou medicamentosos para manutenção da homeostasia metabólica durante e após as práticas físicas.
Aptidão física pode ser considerada uma condição corporal na qual o indivíduo possui energia, vitalidade e as habilidades motoras suficientes para realizar as tarefas diárias e participar de atividades recreativas, isso sem excessiva fadiga (NIEMAN, 1999). Como ressalta o senso comum, fazer exercícios é bom para a saúde e MATSUDO (1999) destaca não estar mais em discussão os benefícios do esporte, mas sim, qual a forma mais correta de praticá-los visando alcançar ou manter a saúde. Pois, tanto a falta quanto o excesso de exercícios podem ser danosos ao organismo, especialmente em se tratando de pessoas com problemas metabólicos, como diabetes.
Conclusão
Sendo assim, nada melhor do que colocar a atividade física orientada e o Profissional que dela se ocupa como tendo um papel muito central no programa geral de Educação em e Tratamento em Diabetes (MATOS e DULLIUS, 2002; DULLIUS, 2003). A escolha do melhor exercício deve se apoiar em "aquele que é prazeroso" (CHASE, 2000). Nisso o Profissional de Educação Física tem especial formação e treinamento, podendo auxiliar na proposta, seleção adequada e estímulo à prática de atividades através de uma prescrição atenciosa e personalizada, não se obrigando o diabético a restringir-se unicamente à caminhada - tão usualmente indicada e certamente muitas vezes uma boa opção, mas não a única.
Assim, a prescrição de atividades físicas deve ser individualizada (WHEELER, 1999; ANDRADE e DULLIUS, 2001), há a necessidade de orientação por um Especialista do Exercício (MERCURI e ARRECHEA, 2002) e os exercícios precisam ser individualmente supervisionados para evitar riscos, manter a aderência (PETRELLA, 1999; COLBERG, 1998; CANCELLIERI, 1999) e alcançar os benefícios terapêuticos (PASSOS et al, 2003). Contudo, em muitas clínicas e hospitais o que se encontra é um manual ou uma orientação verbal de que "o diabético deve fazer exercícios, de preferência regulares" - e comumente lhe é sugerido (ou insistido como única sugestão) que caminhe um tanto de horas por dia.
Além de tudo isso, está amplamente provado que a atividade física é o mais importante fator de prevenção à diabetes e fundamental para reduzir a incidência da resistência periférica à insulina, o que caracteriza o tipo 2 da DM.
Assim, sendo a atividade física orientada tão vital para a manutenção e alcance de saúde para os diabéticos e exigindo-se avaliação individualizada, e sendo um aspecto preventivo e educativo no tratamento (DULLIUS, 2003), a quem caberia fazer esta prescrição e acompanhar a terapêutica através de exercícios? Certamente ao Profissional de Educação Física devidamente qualificado.
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